segunda-feira, 2 de setembro de 2013




Mês dos Cães Danados: Coletivo Fanon

Palestra Diáspora Negra Através da Música

Com Rodrigo dos Santos Melo e Orson Soares

No mês de agosto, o Projeto Afrolinguagens promoveu a palestra “História da Diáspora Africana na América através da Música” com Orson Soares e Rodrigo dos Santos Melo, professores de História e membros do Coletivo Fanon, grupo de educadores e artistas cujo foco são ações em bairros operários com o objetivo de combater o racismo, o eurocentrismo e o capitalismo. 
A música é uma arte universal que não conhece limites ou barreiras: praticamente todos os povos manifestam-se musicalmente de alguma maneira. Quando os negros e negras africanos foram escravizados e sequestrados de suas terras levaram suas línguas, seus orixás, sua comida, sua visão de mundo e suas expressões musicais para onde foram. Se hoje temos, no continente americano, as mais diversas manifestações musicais como samba, rock, raggae, choro ou salsa, deve-se à sólida influência desses povos africanos.
Em primeiro lugar, os palestrantes nos contaram que em muitas civilizações africanas a música servia de instrumento pedagógico para transmitir a história da comunidade e dos ancestrais. O griot, guardião da tradição oral, revela através da fala e da música a história do mundo e dos homens. Aliás, soubemos que havia tribos, distantes entre si, que se comunicavam através de canções e que a comunicação com os orixás nas cerimônias religiosas se dava e se dá pelas músicas ao ritmo dos tambores.
Toda essa rica herança aportou na América e gerou seus frutos, embora sob a opressão do trabalho escravo. Nos EUA, os negros foram impedidos de cantar com seus tambores podendo usar apenas suas vozes. Surgem, assim, as work songs, canções cantadas ao ritmo da batida dos instrumentos de trabalho. Ao passar do tempo, vemos o surgimento do gospel, do ragtime, do blues e do rock - cada um desses estilos compõem universo. Na América Central, floresce a salsa, rumba, ska e o reggea Na América do Sul, o Brasil foi o berço do lundu, jongo, samba e muito mais. Aqui, ao contrário do ocorrido no norte, os tambores permaneceram, o que refletiu nas manifestações musicais posteriores notadamente marcadas por um ritmo percussivo.

A palestra teve forte participação do público.

Enfim, por meio desse evento, pudemos ver um grande panorama da Diáspora, o que ampliou a visão da dimensão histórica e cultural africana presente na música que ouvimos sem, muitas vezes, nos dar conta.

Música é vida.





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