Mês dos Cães Danados: Coletivo
Fanon
Palestra Diáspora
Negra Através da Música
Com Rodrigo dos Santos Melo e Orson
Soares
No mês de agosto,
o Projeto Afrolinguagens promoveu a palestra “História da Diáspora Africana na
América através da Música” com Orson Soares e Rodrigo dos Santos Melo,
professores de História e membros do Coletivo Fanon, grupo de educadores e
artistas cujo foco são ações em bairros operários com o objetivo de combater o
racismo, o eurocentrismo e o capitalismo.
A música é uma
arte universal que não conhece limites ou barreiras:
praticamente todos os povos manifestam-se musicalmente de alguma maneira.
Quando os negros e negras africanos foram escravizados e sequestrados de suas terras levaram suas línguas, seus orixás, sua comida, sua
visão de mundo e suas expressões musicais para onde foram. Se hoje temos, no continente americano, as mais diversas manifestações musicais como
samba, rock, raggae, choro ou salsa, deve-se à sólida influência desses povos
africanos.
Em primeiro
lugar, os
palestrantes nos contaram que em muitas civilizações africanas a música servia
de instrumento pedagógico para transmitir a história da comunidade e dos
ancestrais. O griot,
guardião da tradição oral, revela através da fala e da música a história do
mundo e dos homens. Aliás, soubemos que
havia tribos, distantes entre si, que se comunicavam através de canções e que a
comunicação com os orixás nas cerimônias religiosas se dava e se dá pelas
músicas ao ritmo dos tambores.
Toda essa rica
herança aportou na América e gerou seus frutos, embora sob a opressão do
trabalho escravo. Nos EUA, os negros foram impedidos de cantar
com seus tambores podendo usar apenas suas vozes. Surgem, assim, as work songs, canções cantadas ao ritmo da
batida dos instrumentos de trabalho. Ao passar do tempo, vemos o
surgimento do gospel, do ragtime, do blues e do rock - cada
um desses estilos compõem universo. Na América Central,
floresce a salsa, rumba, ska e o reggea Na
América do Sul, o Brasil foi o berço do lundu,
jongo, samba e muito mais. Aqui, ao contrário do ocorrido no norte, os tambores
permaneceram, o que refletiu nas
manifestações musicais posteriores notadamente marcadas por um ritmo percussivo.
A palestra
teve forte participação do público.
Enfim, por
meio desse evento, pudemos ver um
grande panorama da Diáspora, o que ampliou a visão da dimensão
histórica e cultural africana presente na música que ouvimos sem, muitas vezes,
nos dar conta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário