Afro-Paraguaios: Fronteiras da Negritude.
A Diáspora Negra em Assunción
O Projeto Afrolinguagens
tem como propósito fazer reflexões a respeito das manifestações culturais de
matriz africana e aos desafios enfrentados pelos afro-brasileiros em seu
país. Porém, sabedores da presença negra na américa-latina, acreditamos que
é preciso ampliar nosso horizonte buscando conhecer as expressões culturais do
negro latino-americano.
Assim,
na noite do dia 12 de julho aconteceu a evento: “Afro-Paraguios: A Diáspora
Negra em Assunción. Fronteiras da Negritude” ministrada pela Professora
Terezinha Juraci Machado da Silva e pelo Professor Manoel José Ávila da Silva.
A Professora Terezinha é leitora do Ministério das Relações Exteriores em
Assunción, Paraguai; lá leciona o Português como língua estrangeira há três
anos, além de desenvolver pesquisas sobre a cultura afro-brasileira e suas
manifestações. O Professor Manoel dá aulas de história na rede municipal de
Porto Alegre.
Em
primeiro lugar, ouvimos o relato de sua experiência no Paraguai, ressaltando as
dificuldades iniciais enfrentadas por estar em um país com uma população muito
preconceituosa em relação aos negros. Segundo a professora, de acordo com
fontes oficiais, não há mais negros no país, pois desapareceram com a
miscigenação entre as etnias.
Ao contrário do que se diz, existem sete comunidades de
remanescentes de escravos no Paraguai sendo a principal o Kamba Kua (“buraco
dos negros”) que conta com aproximadamente 300 famílias (ao redor de 2.500
pessoas), e está situada a leste de Assunción, capital do país, mais precisamente
no distrito de Fernando de La Mora. Há 30 anos, a comunidade foi violentamente
despojada de 90% de suas terras pelo Estado. Dos cem hectares originais lhe
restam atualmente apenas três, segundo a Professora.
Além
disso, assistimos a alguns vídeos que mostravam a vida cotidiana, ensaios e
apresentações do grupo de dança da comunidade (Ballet Kamba Kua) que procura
preservar os valores e as tradições herdadas de seus ancestrais.
Encerramos
o evento com um animado debate entre os palestrantes e o público. Assuntos
abordados na conversa: desconhecimento da matriz africana por parte do Kamba
Kua, sua luta por reconhecimento, invisibilidade do negro na América latina,
direitos adquiridos pelo movimento negro, oralidade como meio de preservação e
transmissão de conhecimentos, sincretismo religioso, reconhecimento de terras
quilombolas.
Agradecemos
a todos os presentes pela participação! Contamos com sua presença no próximo
evento !
Veja um vídeo do Ballet kamba Kua
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