segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Afro-Paraguaios: Fronteiras da Negritude.
A Diáspora Negra em Assunción


O Projeto Afrolinguagens tem como propósito fazer reflexões a respeito das manifestações culturais de matriz africana e aos desafios enfrentados pelos afro-brasileiros em seu país.  Porém, sabedores da presença negra na américa-latina, acreditamos que é preciso ampliar nosso horizonte buscando conhecer as expressões culturais do negro latino-americano.
Assim, na noite do dia 12 de julho aconteceu a evento: “Afro-Paraguios: A Diáspora Negra em Assunción. Fronteiras da Negritude”  ministrada pela Professora Terezinha Juraci Machado da Silva e pelo Professor Manoel José Ávila da Silva. A Professora Terezinha é leitora do Ministério das Relações Exteriores em Assunción, Paraguai; lá leciona o Português como língua estrangeira há três anos, além de desenvolver pesquisas sobre a cultura afro-brasileira e suas manifestações. O Professor Manoel dá aulas de história na rede municipal de Porto Alegre.
Em primeiro lugar, ouvimos o relato de sua experiência no Paraguai, ressaltando as dificuldades iniciais enfrentadas por estar em um país com uma população muito preconceituosa em relação aos negros. Segundo a professora, de acordo com fontes oficiais, não há mais negros no país, pois desapareceram com a miscigenação entre as etnias.
Ao contrário do que se diz, existem sete comunidades de remanescentes de escravos no Paraguai sendo a principal o Kamba Kua (“buraco dos negros”) que conta com aproximadamente 300 famílias (ao redor de 2.500 pessoas), e está situada a leste de Assunción, capital do país, mais precisamente no distrito de Fernando de La Mora. Há 30 anos, a comunidade foi violentamente despojada de 90% de suas terras pelo Estado. Dos cem hectares originais lhe restam atualmente apenas três, segundo a Professora.
Além disso, assistimos a alguns vídeos que mostravam a vida cotidiana, ensaios e apresentações do grupo de dança da comunidade (Ballet Kamba Kua) que procura preservar os valores e as tradições herdadas de seus ancestrais.
Encerramos o evento com um animado debate entre os palestrantes e o público. Assuntos abordados na conversa: desconhecimento da matriz africana por parte do Kamba Kua, sua luta por reconhecimento, invisibilidade do negro na América latina, direitos adquiridos pelo movimento negro, oralidade como meio de preservação e transmissão de conhecimentos, sincretismo religioso, reconhecimento de terras quilombolas.

Agradecemos a todos os presentes pela participação! Contamos com sua presença no próximo evento !
  Veja um vídeo do Ballet kamba Kua






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